terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Ódio - Florbela Espanca

Ódio por ele? Não... Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se e vida assim roubei todo o encanto...

Que importa se mentiu?
E se hoje o pranto turva o meu triste olhar marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!

Ah! Nunca mais ama-lo a ja bastante!
Queria senti-lo doutra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!

Odio seria em mim saudade infinta,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
ódio por ele? Nao... nao vale a pena.

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